TÍTULO: Mulheres na ciência – O Futuro STEM Feminino
Autor(s): LAURA, PS.
EDITORIAL: Em uma breve pesquisa a respeito dos maiores cientistas e pesquisadores do mundo, 14 homens e apenas 3 mulheres, sendo elas Marie Curie, Ada Lovelace e Rosalind Franklin, são mencionados por seus trabalhos revolucionários e inovadores. A proporção de aproximadamente 17% de representatividade feminina na história da ciência mundial não difere tanto da porcentagem atual de mulheres atuantes nas áreas de tecnologia e ciências exatas, que hoje é de aproximadamente 26%. Contudo, no meio acadêmico, o interesse feminino em cursos de STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) tem crescido ano após ano e, segundo o CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos), as mulheres felizmente já representam 60% das cadeiras ocupadas nessas salas de aula ao redor do mundo.
Por séculos, mulheres de todo o mundo foram impedidas de estudar sob o pretexto de que deveriam ser boas domésticas, mães e esposas. Além disso, a crença no mito perpetuado de que o cérebro feminino era mais limitado (imbecillitas sexus) acorrentou mulheres em arquétipos que não as serviam e as fizeram sufocar suas capacidades cognitivas e ideias inovadoras dentro de si. Quando alguma se arriscava a ir além, seja para publicar um livro ou um estudo científico de sua autoria, rapidamente atribuía o crédito a um pseudônimo masculino ou ao nome de seu marido a fim de que o conteúdo não fosse desprezado apenas por levar um nome feminino à frente.
Pouco a pouco, as leis e diretrizes a respeito da educação foram mudando e estudar já se tornava um verbo possível para vozes femininas, mesmo que a princípio somente com conteúdos limitados ao que homens julgavam como possível de uma mulher aprender. E por muitos anos, esse padrão se repetiu para corroborar o ideal da inteligência submissa, já que apenas meninos jogavam videogame e brincavam de construir cidades enquanto meninas tinham de se contentar em brincar de “casinha” e cuidar de bonecas, uma aparição sutil do que cada gênero deveria gostar e ater-se logo na infância.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em uma pesquisa intitulada como “Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil” de março de 2021, as mulheres brasileiras compõem a maior parte dos universitários do país porém ainda são minoria em STEM, que conta com a ínfima presença feminina de apenas 26% de seu número total. Porém, em comparação às pesquisas similares de anos anteriores, esse número mostra um grande avanço e crescimento da população brasileira feminina interessada por STEM. O gráfico positivo e a projeção otimista são derivados dos inúmeros projetos de apoio às meninas e mulheres na ciência que mostram o papel significativo do feminino científico, além de desmasculinizar cursos e caminhos que nunca deveriam ter tido definição de gênero.
Ser mulher em STEM é estar entre flores e ferramentas. É enfrentar preconceitos e ofensas sem se intimidar ou inferiorizar. É ter plena consciência de suas capacidades e estar sempre pronta para aprimorá-las e ir além. Ser uma mulher em STEM é ser um exemplo para as pequenas futuras cientistas e engenheiras, mostrando que elas têm o poder de seguir o caminho que seus corações mandam sem medo do que irão encontrar, pois você estará lá para guiá-las. A escritora francesa Simone de Beauvoir cita que “é pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta”. Ser mulher em STEM é lutar por essa independência, por seus sonhos e pelo futuro das milhares mulheres que virão depois enquanto honramos as que vieram antes de nós e abriram os mares do conhecimento científico.
Se antes estávamos escondidas às sombras de pseudônimos masculinos, hoje somos orgulhosamente estudantes, cientistas, pesquisadoras e, sobretudo, mulheres. A ciência é feminina e igualitária e o futuro do STEM também.
“Nenhuma luta pode ter sucesso sem mulheres participando lado a lado com os homens. Há dois poderes no mundo: um é a espada e o outro a caneta. Há um terceiro poder mais forte que os dois: o das mulheres.”
Malala Yousafzai
CITAÇÃO: Laura, P. S. Editorial: Mulheres na ciência - O Futuro STEM Feminino. The Academic Society Journal, 6(1) 3-4, 2022. DOI: doi.org/10.32640/tasj.2022.1.3.