TITÚLO: O tema inevitável no mês de março

Autor(s): GONZAGA K.

EDITORIAL: Foram horas de pensamento contemplativo sobre um editorial que fugisse do óbvio Dia Internacional da Mulher, comemorado dia 08 de março, e que costuma inundar todos os lugares com o tal “mês da mulher”. Nesse sem fim que me consumia, ao invés de seguir o fluxo natural dos pensamentos, de fuga do mesmo discurso sobre as mulheres que vemos todos os anos, resolvi me questionar sobre o motivo pelo qual não queria escrever sobre esse dia, quais motivos me incomodavam a ponto de querer fugir desse tema, que me acompanha desde o meu nascimento.

A verdade é que os motivos não importam, ou pouco importam, porque cada um terá a sua própria percepção sobre ser mulher. E é assim também com relação às homenagens e celebrações do “nosso dia”. A conclusão à qual eu cheguei é que o fato de querer fugir desse tema é o motivo pelo qual eu deveria escrever sobre ele.

Ser mulher é um grande desafio, e o nível de dificuldade passa principalmente por questões étnicas, sociais, econômicas e geográficas. Mas ouso dizer que nunca fica fácil! Todos os direitos que foram conquistados arduamente, com suor, lágrimas e sangue, são tratados como se existissem desde o início dos tempos. Os deveres, por outro lado, são cobrados incansavelmente. Na maior parte das vezes, por nós mesmas, que temos a síndrome do impostor grudada em nossos calcanhares, resultado da forma cruel de como a sociedade trata as mulheres.

Nesse espaço encontro mulheres que estão inseridas nas carreiras STEM, e mesmo que suas jornadas sejam diferentes da minha, tenho certeza de que em algum momento já passamos por situações semelhantes. E aí reside o motivo da minha escolha em escrever sobre nós, mulheres. Não precisamos nos conhecer para saber que temos experiências em comum, muitas vezes inenarráveis, e que viram palavras de força e motivação em março.

O Dia Internacional da Mulher não é uma data para celebrar! Gostaria muito que fosse. Temos que ter isso sempre em mente, para não retroagirmos em nossas conquistas, sejam elas coletivas ou pessoais. O mundo feminino é, acima de tudo, um mundo de batalhas!